Sobre
Apresentação
Marco Antônio Moreira da Silva,
Compositor, regente e pesquisador brasileiro, natural de Itabira (MG). Bacharel em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre pela linha de pesquisa Processos Analíticos e Criativos (PAC) da mesma instituição. Suas atividades diárias, além de ser marido e pai de três filhos, dividem-se entre compor, estudar e ensinar.
Especialista nos escritos teórico-práticos de Arnold Schoenberg e estudioso das obras da Segunda Escola de Viena e de seus desdobramentos nos movimentos de Darmstadt – com ênfase nas obras de Pierre Boulez, Luigi Nono e Karlheinz Stockhausen –, considera as transformações estéticas nas artes como um elo entre passado e futuro, numa dialética em que o novo frequentemente emerge de anseios ancestrais. Defende, portanto, que a compreensão da Escola de Darmstadt no pós-Segunda Guerra Mundial e suas reverberações no século XXI exige estudo meticuloso das composições e textos teóricos da Segunda Escola de Viena. Para aprofundar-se nesta última, é essencial não apenas analisar as obras de Schoenberg, Berg e Webern em diálogo com seus escritos, mas também explorar os tratados de Schoenberg sobre fundamentos composicionais, que traçam a evolução da música do século XVII ao XX.
Aos futuros alunos, ressalta-se a relevância de escolher um professor experiente e comprometido com a escrita musical para um desenvolvimento consistente. Nossos estudos priorizarão a intersecção entre harmonia, contraponto, análise e prática composicional, aliando exercícios à análise de partituras de grandes mestres, com os livros didáticos de Schoenberg como eixo norteador. Após dedicar anos iniciais ao autodidatismo, reconhece que o acesso à orientação especializada – mesmo mantendo a disciplina de estudo individual – acelerou significativamente sua trajetória de aprendizado.
Histórico Acadêmico e Profissional
Minha iniciação nas artes deve-se a dois fatores: primeiro, estudar no mesmo colégio do poeta Carlos Drummond de Andrade (Escola Estadual Coronel José Batista, em Itabira), onde recitávamos mensalmente seus poemas, despertando meu primeiro sonho artístico: tornar-me poeta. O segundo foi a influência do meu irmão mais velho, cujas sessões de rock progressivo em volume máximo ecoavam pela casa.
Aos 15 anos, iniciei estudos de guitarra para formar uma banda. Criamos o grupo Perfect Strangers, mas a carência de base teórica limitava nossa capacidade de reproduzir obras complexas de bandas como Gentle Giant e King Crimson. Essa frustração direcionou-me à música de concerto: troquei a guitarra pelo violino e mergulhei em estudos autodidatas de harmonia, contraponto e história da música, dedicando-me mais à composição que à performance.
Em 2001, ao mudar-me para Boston (EUA), frequentei concertos da Sinfônica de Boston e ingressei no New England Conservatory, onde estudei harmonia com Thomas Larry Bell (Juilliard School) e contraponto com Rodney Lister (ex-aluno de Milton Babbitt). Tornei-me aluno e amigo do compositor Ralf Gawslick, cujas análises de obras do século XX e a grande qualidade de suas obras consolidaram minha visão da composição como expressão filosófica e poética.
Entre 2006 e 2008, estudei regência com David Hodgkins. De volta ao Brasil em 2008, atuei como professor de teoria e regente de corais, recebendo em 2012 o Certificado de Honra ao Mérito da Academia de Artes e Ciências de Mariana (MG). Entre meus alunos, destaca-se o pianista Gabriel de Oliveira, graduado pela UFMG e premiado em concursos nacionais.
Em 2011, ingressei no bacharelado em Composição na UFMG, onde professores como Gilberto de Carvalho reforçaram meu entendimento da criação musical como uma expressão que amálgama arte e ciência. Meus estudos sobre a Segunda Escola de Viena conduziram-me à Escola de Darmstadt, influenciando obras como o Quinteto para Clarinete e Cordas, estreado na Kent State University (2015).
Em 2019, iniciei o mestrado na Kent State University sob orientação de Adam Roberts (Harvard), compondo A Song to Lull the Dead and Wake the Living em memória dos estudantes mortos no campos da universidade em 1970. Devido à pandemia, tive que retornar ao Brasil. Nesse período, reavaliei a escassez de estudos sobre as obras da Segunda Escola de Viena escritas entre 1908 e 1923, valendo-se apenas dos escritos de Schoenberg. Ingressei no mestrado na UFMG em 2022 e defendi a dissertação Panoramas da Emancipação das Dissonâncias: Análises Através dos Escritos Teóricos de Arnold Schoenberg em 2024.
Atualmente, além de lecionar na A Major Class, dedico-me a quatro composições, incluindo um ciclo de canções com poemas de Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Carlos Drummond, além de duas peças em homenagem ao pianista Gabriel de Oliveira. Assim, convido os futuros alunos a uma rotina de estudo que integrará reflexões históricas e prática criativa, utilizando os escritos de Schoenberg como alicerce para transcender fronteiras entre passado e presente.